domingo, abril 03, 2005

João Paulo II

Morreu Karol Wojtyla, após 26 anos de pontificado, um dos mais longos da história da Igreja Católica. Nascido nos arredores de Cracóvia (mesma região de Auschwitz), teve que sobreviver à invasão nazi e ao regime comunista. Com uma rápida ascensão na hierarquia eclesiástica, foi surpreendentemente eleito Papa em 1978 (o primeiro Papa não italiano em mais de 4 séculos).
Não esquecendo as suas raízes, e os povos oprimidos da Europa de leste, acaba por ter uma forte influência na libertação da Polónia do domínio soviético, e a consequente queda do muro de Berlim.
Decide que o seu pontificado seria marcado por uma abertura ao mundo, realizando mais de uma centena de viagens, re-aproximando os fieis ao Vaticano. Teve um papel determinante no fortalecimento do ecumenismo, nomeadamente no gesto emblemático no Muro das Lamentações, em Jerusalém, onde pediu perdão pelos séculos de perseguição que a Igreja fez aos judeus. Estes actos bem como a sua devoção à figura de Maria, que constituiu um certo alarido na ala mais conservadora da Igreja, faz com que este Papa seja considerado por muitos como inovador e liberal.
Todavia nas questões da moral, da sexualidade e da família, e da própria organização eclesiástica foi considerado por muitos como ultra conservador, nomeadamente em questões como o divórcio, o aborto, a eutanásia, a homossexualidade, a contracepção etc. Polémico foi igualmente o afastamento de padres/teólogos mais liberais essencialmente da América Latina, que perfilavam movimentos socialistas de raiz cristã, e depois as relações com a Opus Dei, e a contestada canonização do seu fundador José María Escrivá.
João Paulo II teve uma forte ligação a Portugal devido à sua devoção a Nossa Senhora de Fátima, em consequência do atentado que sofreu, a 13 de Maio de 1981, na Praça de São Pedro.
Um homem admirado e amado por muitos e contestado por outros, fica para a história como um dos homens mais influentes do século XX. Fica a imagem de um homem bondoso, que nas suas palavras e gestos espalhava amor, essencialmente aos mais necessitados, as crianças, os doentes e os pobres.
Tive o privilégio e honra de cumprimentá-lo na sua visita de 1991, onde fiquei com a imagem de um homem fisicamente debilitado (já nessa altura) mas com uma força de espirito inigualável. Fica marcado como um dos momentos mais importantes da minha vida.